domingo, 25 de março de 2012



Quem mente, rouba!

Era assim que me corrigiam na infância quando era pego em alguma mentira. A pedagogia de ser comparado a um ladrão era pavorosa, porque remetia à possibilidade de ser preso, publicamente exposto e envergonhado.

No entanto, só foi como adulto que descobri que o problema da mentira é mais sério e profundo do que eu imaginava. Não era um deslize cometido pelos lábios. Era uma falha de caráter.

São tantas as sutilezas e nuances da mentira que ocupam páginas inteiras de termos correlatos e derivados em qualquer dicionário.

Por exemplo, ter o propósito, mesmo falando a verdade, de dar uma falsa impressão ou de levar alguém a uma falsa conclusão é mentira, assim como é mentira ir aquém – omissão – ou ir além – exagero – da verdade com o propósito de enganar.

Mentira não é um mau hábito apenas, nem um comportamento social reprovável – infelizmente, nem tanto na atualidade! – mas algo enraizado na natureza pecaminosa do ser humano. A mentira habita em nós!

O nono mandamento proíbe a mentira no contexto de falso testemunho “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” (Êxodo 20:16), demonstrando o quanto Deus detesta a mentira: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite.” (Provérbios 12:22).

Isto chega a ponto de Ele excluir da sua presença os que amam e praticam a mentira (Apocalipse 22:15), pois “o que usa de fraude não habitará em minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos” (Salmos 101:7).

A mentira nos faz andar de mãos dadas com o diabo, o pai e inventor da mentira (João 8:44) e, por conseguinte, somos afastados de Deus correndo o risco de um abismo chamar outro abismo, porque a mentira tem perna curta e tudo quanto é feito às ocultas, será revelado (Mateus 10:26), inclusive os segredos do nosso coração (Romanos 1:16).

Portanto, a mentira prejudica a nós mesmos, agora ou mais tarde, e também aos outros, conforme Efésios 4:25 “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros.”

Acima de tudo, a mentira revela a quem amamos e valorizamos mais na vida.

Se ao Deus verdadeiro que “ama a verdade no íntimo” (Salmo 51:6) e é glorificado quando somos verdadeiros em palavras, atitudes e propósitos em tudo e sobre tudo.

Ou se a nós mesmos que, a pretexto de proteger o nosso frágil “eu”, preferimos dar uma falsa impressão, evitando o flagrante da nossa inverdade e tantas outras manifestações da mentira que habita em nós.

A mentira só tem um remédio: é a crucificação do “eu” pela obra de Cristo em nós, porque é o “eu” que tentamos proteger quando mentimos.

Viver como cristão significa que “já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou por mim”.

Outra forma de ver este processo de santificação é quando o apóstolo Paulo exorta: “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” (Efésios 4:25).

Há uma revestimento que a gente usa por dentro: a verdade.

Conclusão: não é a sua língua que tem que parar de mentir.

É o seu coração que precisa ser transformado continuamente para ser da verdade, falar a verdade e andar na verdade que é Cristo.

Com carinho,
Robinson Grangeiro

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