quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Limites do corpo



Se você pertence ao grupo que adere ao lema "quanto mais malhar, melhor", cuidado. Nem sempre o exagero nos exercícios é sinal de saúde. Pelo contrário. O excesso de atividades físicas aliado a uma alimentação inadequada podem acelerar o envelhecimento das células. A prática de esportes em uma determinada época, como o verão por exemplo, também não é recomendada, sobretudo para os que já passaram dos cinqüenta, pelo esforço excessivo. Equilíbrio é o lema.


Para compreender esse processo, é preciso conhecer os Radicais Livres de Oxigênio (RLO). Conforme explica o professor Danilo Wilhelm Filho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os RLO são moléculas produzidas pelo próprio metabolismo e pela utilização do oxigênio na respiração celular. Têm uma duração muito curta, menor do que a de um estalar de dedos, mas detonam qualquer substância próxima.


De acordo com Danilo, além de os radicais livres estarem relacionados com o envelhecimento, existem ainda cerca de 200 patologias ligadas a eles. As doenças cardiovasculares, que mais matam no mundo, são uma prova. "Os RLO agem na formação do ateroma, placa responsável pelo entupimento das artérias, que as pessoas pensam apenas se tratar de gordura", explica o professor. A catarata também é causada pelos radicais livres, que oxidam o tecido conjuntivo.



Para proteger as células da ação dos RLO, todos os organismos aeróbios (que utilizam oxigênio) possuem um sistema de defesa anti-oxidante. As enzimas são um exemplo. Para cada radical livre produzido, (cerca de 20 bilhões diários por cada célula), são lançados vários anti-oxidantes para combatê-lo. Além dos nossos "defensores" naturais, existem ainda os anti-oxidantes obtidos por meio de uma alimentação rica, como a vitamina E, encontrada em nozes, avelã, gérmen de trigo e brócolis, entre outros. O licopeno (presente no tomate, em algumas verduras e em frutas como mamão e goiaba) e os flavonóides (encontrados na casca da uva, verduras, chá preto e hortaliças) também possuem ação anti-oxidante.


Durante um exercício físico intenso, o corpo utiliza muito oxigênio e, desta forma, produz mais radicais livres. É o chamado stress oxidativo. Com esse aumento, o nosso corpo, por si só, não consegue combatê-los. Por isso, se a atividade física for em excesso, com longa duração, e a alimentação não for adequada, com o passar dos anos o efeito nas células será grande e o envelhecimento, rápido.


"Com o avanço da idade, o sistema anti-oxidante tende a regredir. Portanto, se a alimentação é ruim e o esporte aeróbico é feito em excesso com longa duração, isso será cobrado depois. Alguns maratonistas profissionais chegam aos 60 anos com aspecto de 80", alerta Danilo. Segundo ele, todo atleta de alta performance precisa de uma suplementação vitamínica para amenizar os efeitos do envelhecimento.


Assim como a atividade em excesso é perigosa, os que correm para as academias apenas no verão e os "peladeiros de fim de semana" também estão em risco. Não de envelhecer apenas, mas de ter um infarte, devido ao excesso de esforço. "Essa prática não é recomendada, sobretudo para quem já passou dos cinqüenta, quando um inarte do miocárdio pode ser fulminante. O ideal é, além de uma boa dieta, exercícios regulares", defende o professor da UFSC. Para essa faixa etária, ele sugere caminhadas em vez de corrida, porque reduz o stress oxidativo. "Se o indivíduo se cuidou sempre, e adotou uma boa alimentação, viverá mais e com saúde".


Fonte: Portal Mais de 50

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