Amélia de hoje © Letícia Thompson
Amélia que era mulher de verdade.
Eu sou apenas uma mulher.
E gostaria de reinvindicar o direito de sê-lo.
Sou vaidosa.
Uso baton pra dar cor à minha vida.
Maquiagem para parecer mais bonita.
Não faço tudo com perfeição; alguns fios de cabelo branco,
apesar de todas as tentativas para evitá-los, aparecem.
Uso cremes pra retardar o envelhecimento e se à noite tenho
dores de cabeça é porque me sinto cansada.
Nem sempre estou disponível e pronta e cometo erros.
Me engano, como qualquer outro ser humano normal.
Gosto de roupas, sapatos, jóias, perfumes e flores.
Um minuto de atenção me faz ganhar todo o dia.
Sou sensível, fraca, frágil.
Sou forte quando preciso.
Minha única busca: o amor e tudo o que dele resulta:
crianças, trabalho, dia-a-dia e felicidade.
Mas vou além: quero segurança, andar de mãos dadas, ser
pega no colo e ser chamada de rainha.
Minhas lágrimas me traem quando menos espero.
E desespero. Detesto a solidão, a falta de atenção.
Sou impaciente e não gosto de esperar.
Não quero ser objecto e nem ter dono.
Sou capaz, por mim mesma, amando, de me entregar de todo
e ser fiel.
Sem amarras, simplesmente por amor.
Posso ferir, como todas as rosas.
Mas perfumo também, dou encanto.
Ilumino o amor como só as mulheres sabem fazer.
Compenso, se assim posso dizer.
Há sempre um preço para a felicidade e tocar nela é aceitar
pagar esse preço.
Sou uma Amélia dos tempos modernos.
Mais independente, sabendo o que quer.
E o que quero é ser eu mesma.
sábado, 30 de maio de 2009
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